
BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A revelação e o estudo de práticas tradicionais do Canto Gregoriano em São João del Rey (Minas Gerais), em 1970, e a procura de outros indícios dessas tradições em diferentes regiões do Brasil, causaram impacto no âmbito do movimento de renovação de perspectivas e de práticas culturais iniciado em São Paulo em 1964 e constituido em sociedade em 1968. Esses estudos e experiências de pesquisa e prática tiveram consequências para o debate internacional de décadas.
Sendo esse movimento caracterizado pelo direcionamento da atenção a processos - e não a esferas categorizadas da cultura - surgiu como fato extraordinário a constatação de práticas de canto e de acompanhamento instrumental que indicavam a permanência de antigas técnicas improvisadas polifônicas e configurações conhecidas da música popular em campo de tensões entre o modal e o tonal.
Esses estudos foram considerados no Centro de Pesquisas em Musicologia então criado e discutido em várias ocasiões, entre outros no Museu de Artes e Técnicas Populares da Associação Brasileira de Folclore e na área de Etnomusicologia e de Estruturação da Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo.
No âmbito do grupo de trabalho e do Coral Gregoriano da Nova Difusão, criado para discutir novas perspectivas e possibilidades práticas do Gregoriano à luz do direcionamento da atenção a processos, levantou-.se a possibilidade de considerar o desenvolvimento no Brasil em continuidade ou em paralelo às antigas escolas ou os dialetos conhecidos da história do Gregoriano.
O caso brasileiro dava impulsos a uma renovação dos estudos histórico-musicais da Idade Média, conferindo a êles orientação marcada por aproximações dos estudos culturais, revitalizando, de forma atualizada, estudos já antigos da musicologia comparada.
O prosseguimento desses estudos e a sua atualização em cooperação internacional constituiram pontos do programa de interações para a renovação de perspectivas e de práticas culturais iniciado em 1974 na Europa com o apoio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD).
Os diálogos nessa área foram conduzidos com historiadores da música e com etnomusicólogos, salientando-se o Prof. Dr. Heinrich Hüschen, diretor do Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia. Foram essas preocupações nascidas no Brasil que justificaram o estudo mais aprofundado da história da teoria musical e de concepções da Antiguidade e da Idade Média em referenciações com o Brasil.
Esses estudos vinham de encontro àqueles da pesquisadora portuguesa Dra. Maria Augusta Alves Barbosa voltados a épocas de transição entre técnicas de canto a várias vozes de configuração modal e a homofonia tonal na Renascença portuguesa e suas extensões.
No âmbito da pesquisa empírica na área da Etnomusicologia, desenvolveu-se em estreito relacionamento com pesquisas voltadas ao canto glagolítico na antiga Iugoslávia então em desenvolvimento.
No âmbito sacro-musical, as pesquisas brasileiras e a orientação da atenção delas decorrentes tiveram grande impacto, uma vez que se discutia na época relações entre a abertura a culturas musicais extra-européias no sentido das tendências pós-conciliares e a conservação e cultivo do patrimônio sacro-musical, em particular do Canto Gregoriano.
No simpósio etnomusicológico realizado no âmbito do IX Congresso Internacional de Música Sacra em Bonn, em 1979, as pesquisas do programa euro-brasileiro renovador deu, porém margens a mal-entendidos e instrumentalizações, levando a proposições inaceitáveis apresentadas como moções.
O tema permaneceu na pauta de debates, sendo considerado em várias ocasiões, entre elas no âmbito do Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira, realizado em São Paulo, em 1981, em Simpósio na Universidade Catóilica de Washington, em 1983, levando, por fim, a uma sessão especificamente convocada para esse fim no Museu de Manuscritos Musicais de Kiedrich no contexto do Colóquio Internacional de Tradições Musicais e Sincretismo, em 1989.
Encontro euro-brasileiro no Musikhandschriftenmuseum Kiedrich
Não tanto a arquitetura medieval, o órgão de ca. de 1500 e objetos artísticos de seu patrimônio material estiveram no centro das atenções, mas a prática local do canto gregoriano em „dialeto germânico“ foi o objetivo da sessão.
Como único lugar do globo onde se cultiva o gregoriano com essa qualificação, Kiedrich surge como relevante local para o estudo de problemas similares considerados no Brasil relativamente à permanência de antigas tradições de práticas de execução em comunidades de consciência de suas tradições.
Entre os muitos aspectos discutidos, tratou-se de interrupções como consequência de legislações sacro-musicais, de influências unificadoras e destruidoras de diversidade por parte de autoridades eclesiásticas e de reformas, de auto-determinação cultural e de resistência a mudanças, do papel da transmissão oral de melodias, de tentativas de recuperação e dos problemas reconstrutivos.
Estabeleceram-se paralelos com situações de resistência à introdução de reformas tridentinas, da edição Medicaea no século XVII em várias partes do mundo, assim como o da introdução de cantos em vernáculo no século XVIII e, sobretudo, das prescrições de fins do século XIX e início do XX.
Sob a perspectiva do programa euro-brasileiro, as atenções se concentraram sobretudo no problema da qualificação de cunho étnico-cultural ou nacional de „dialeto germânico“ ou regional como „Gregoriano da Mogúncia“.
Considerou-se que a concepção de dialeto germânico, embora ela mesmo histórica, introduzida por Peter Wagner (1865-1931), corre o risco de permitir outras interpretações. Sob uma perspectiva histórico-musical de orientação cultural, considerou-se o fato de que distinções melódicas e mesmo modais já terem sido registradas no século IX por Aurelianus de Réomé. Este teórico constatou configurações consideradas como teutônicas, distinguindo-se segundo outros autores cantores da capela palatina de Aachen/Aix-la-Chapelle daqueles dos lombardos ou romanos.
Em visita ao museu de manuscritos, onde se conservam 46 livros manuscritos de canto, os especialistas alemães e brasileiros consideraram, entre outros, o Graduale Romanum datado ao redor de 1300.
Atuações na Europa
Atuações nos Estados do Brasil
Outros países
Impressum ⎮ Contato ⎮ Editor ⎮ Estatística
Portal (port.) ⎮ Portal (dt.) ⎮ Atualidades ⎮ Academia ⎮ Instituto ⎮ Centros ⎮ Arquivo ⎮ Revista ⎮ Eventos
Apoios e cooperações
Deutscher Akademischer Austauschdienst
Inst. Hymn. u. Musikethn. Studien
(lista incompleta)
Cooperações no
Brasil (em elaboração)
Governos Estaduais
Prefeituras
Fundações
Museus
Bibliotecas
Universidades
Centros Culturais
CNBB
CIMI
Mosteiros
Escolas
Academias
Associações