Recém-chegado da Europa, e representando a Sociedade Internacional de Música Contemporânea, P. A. de Moura Ferreira dedicou-se a difundir no Brasil um repertório pouco conhecido, sobretudo de países então pertencentes ao bloco socialista do Leste europeu e sobre os quais existiam poucas informações.
Realizou, assim, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, um concerto dedicado exclusivamente à Polonia. Esse evento foi realizado em cooperação com a sociedade Nova Difusão, entidade constituinte da atual organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais Brasil-Europa.
O evento deu-se por ocasião da inauguração das mostras de gravadores da Polonia E T. Lapinski e constou de obras de W. Lutoslawski, K. Penderecki, H. Gorecki, W. Kotonski, A. Dobrowolski e J. Luciuk.
O concerto procurou transmitir ao Brasil impulsos partidos dos festivais internacionais de música contemporânea (Outono de Varsóvia), entendido como um forum internacional para avaliação e debates da produção nacional contemporânea.
Havia, no Brasil, uma longa tradição de relações com a história cultural da Polonia. O país e a sua cultura estavam presentes na vida cultural, em particular através da música. Sobretudo a recepção da obra de F. Chopin havia influenciado de forma significativa a produção musical do país. Vários compositores do passado haviam-se inspirado em obras de Chopin e estas faziam parte relevante dos programas de conservatórios e de concertos.
A transcendência do significado de Chopin para além da esfera propriamente musical havia sido reconhecida à época da Segunda Guerra Mundial. Através de artistas poloneses imigrados, o Brasil participou das ocorrências dramáticas que atingiram a Polonia. Mário de Andrade salientou o significado político-cultural de Chopin; ao compositor polonês levantou-se uma estátua no Rio de Janeiro.
Os intuitos de atualização dos estudos das relações entre a Polonia e o Brasil de acordo com as tendências de renovação dos estudos culturais podia contar, assim, com significativos precedentes. A preocupação por questões de difusão no Brasil correspondia a similares anelos na Polonia. A respeito das tendências polonesas na área da difusão cultural obteve-se informações sobretudo através de Stanislaw Wislocki, professor do Conservatório de Varsóvia.
A partir do primeiro Forum eurobrasileiro, em 1981, a cooperação com a Polonia foi marcada por membros fundadores do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa provenientes do país.
Com as transformações políticas do Leste europeu na década de 90, e segundo o escopo da Academia Brasil-Europa em atualizar perspectivas a partir da nova situação criada pela União Européia, realizaram-se viagens de estudos à Polonia.
A abertura dessa fase das atividades efetuou-se em Varsóvia, quando procurou-se obter uma visão geral da situação e das tendências dos estudos culturais, musicais e musicológicos do país. Os resultados dessas observações forneceram as bases para a organização de um seminário dedicado ao Chopinismo, Chopinística e Chopinologia em contextos globais, com especial consideração do Brasil, realizado na Universidade de Bonn. Nesse contexto, vários compositores brasileiros foram analisados, dando-se particular atenção à música de salão e de cunho popular.
Numa viagem de contatos mais ampla, em 2003, dirigiu-se a atenção aos estudos culturais em universidades e outras instituições polonesas, em particular de Cracóvia e Breslau. Um dos temas mais especificamente tratados disse respeito ao fenômeno de recatolização do país e suas repercussões na Europa no seu todo e no Brasil.
Um terceiro empreendimento voltou-se a regiões que outrora pertenceram à Prússia oriental e à Silésia, possuidoras então de uma cultura marcada pela presença alemã. Escopo dos trabalhos foi o de refletir a respeito de transformações culturais e problemas de identidade de grupos no exílio, considerando-se em particular a questão dos pomeranos no Brasil.
Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.
(em elaboração)
•Águas do Atlântico, do Índico e Maria. Notre Dame de Flots em Ambatoloak e Nossa Senhora de Copacabana. Na festa de 2 de fevereiro na igreja de Na. Sra. de Lourdes dos Missionnaires Oblats de Marie Immaculée em Tamoasina
•Projetos de cooperação e intercâmbio França-Polonia-Alemanha-Brasil
•Stettin. Estudos interculturais e história diplomática. I. Paderevsky
•Chopinística e Chopinologia sob a perspectiva intercultural
•Música contemporânea e difusão cultural em relações bilaterais. Paulo Affonso de Moura Ferreira
Breslau 2003. Fotos A.A.Bispo. Arquivo A.B.E. ©
BRASIL-EUROPA
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Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa
Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo
ESTUDOS CULTURAIS EUROBRASILEIROS RELACIONADOS COM A
POLONIA